O Vírus Sincicial Respiratório (VSR) provoca bronquiolite em bebês e tem causado doenças graves em adultos, especialmente em idosos e…
O Vírus Sincicial Respiratório (VSR) provoca bronquiolite em bebês e tem causado doenças graves em adultos, especialmente em idosos e pessoas com doenças respiratórias crônicas. Por isso, saber prevenir infecções é essencial para evitar o agravamento da asma e da Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC).
Para conhecer mais sobre o assunto, a Abraf realizou a live “O que é o Vírus Sincicial Respiratório (VSR) e como se prevenir?”, com o dr. Mauro Gomes, médico pneumologista e professor de Pneumologia da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo. Confira abaixo os destaques da entrevista e saiba tudo sobre o Vírus Sincicial Respiratório:
O VSR é um vírus conhecido há cerca de 70 anos. É o vírus que causa bronquiolite em crianças. Muitas pessoas têm ou tiveram na família alguma criança ou bebê que teve bronquiolite. E a gente sabe como é grave uma bronquiolite na criança, especialmente num recém nascido ou bebê com poucos meses de vida. Muitas vezes essa criança precisa ir para o respirador ou para a UTI. Anteriormente se pensava que o vírus atingia exclusivamente crianças pequenas, mas não, o vírus tem causado doenças graves em adultos, especialmente nos idosos acima de 65 anos, pessoas com doenças respiratórias crônicas, como asma e enfisema pulmonar, ou pessoas com doenças cardíacas, como insuficiência cardíaca e arritmia.
São sintomas de gripe forte: dor de cabeça, dor de garganta, febre, mal-estar, espirros e tosse. Mas para pessoas de grupo de risco, como idosos e pessoas com doenças respiratórias e cardíacas crônicas, ele provoca pneumonia. Esse é o risco maior, a complicação por pneumonia. Isso provoca falta de ar, diminui a saturação de oxigênio, baixa a pressão, desidrata e faz com que a pessoa precise ir para o hospital. Os sintomas dependem muito da imunidade da pessoa.
Na maioria das vezes em que apresentam sintomas de gripe as pessoas não fazem teste para saber qual o vírus que as infectou. A maioria das infecções são viroses, mas a gente precisa dar nome para o vírus que está causando a virose. Os vírus são diferentes e trazem complicações diferentes. O VSR traz mais complicações aos idosos do que o vírus da gripe.
A gente tem o exame chamado PCR, que a gente vê em tempo real qual o tipo de vírus que está presente. A limitação é que na maioria das vezes esses exames não são cobertos por planos de saúde, não estão disponíveis com facilidade no serviço público e custam caro.
A forma de transmissão é a mesma dos demais vírus respiratórios, como o da covid e da gripe: pelo ar – durante a fala, tosse, conversa e espirro – ou pela superfície contaminada, quando pessoas tossem, espirram e falam em cima de objetos e acabam os contaminando.
Uso de máscara em ambiente fechado com aglomeração é uma maneira importante de prevenção, porque nesses ambientes com pouca ventilação o vírus fica circulando e pode contaminar outras pessoas. Outra medida é a lavagem frequente das mãos.
Felizmente para as pessoas de maior risco, como idosos e pessoas com doenças respiratórias e cardíacas crônicas, existe vacina contra o VSR. Mas, até o momento, as vacinas para o vírus sincicial não estão disponíveis no SUS. A vacina está presente apenas na rede privada, o que limita o acesso. Existem duas vacinas disponíveis hoje para o VSR, uma delas é para aplicação em gestantes e outra para idosos.
A vacina na gestante é importante porque protege o bebê nos primeiros meses de vida contra a bronquiolite. Das crianças que têm bronquiolite quando nascem, 2% a 5% acabam morrendo. A vacina de VSR destinada a idosos protege em mais de 90% contra as formas graves da doença. No Brasil, de 20% a 25% das pessoas idosas que contraem o VSR morrem por causa da doença. Nos demais casos, idosos demoram em média de três a seis meses para se recuperar do vírus.
Dica da Abraf: Se você ainda não tem 60 anos de idade, mas tem algum tipo de doença pulmonar como asma grave ou DPOC, consulte seu médico sobre a vacina de VSR.
Uma das complicações de quem tem vírus sincicial na infância e bronquiolite é uma maior tendência a ter asma quando adulto. As crianças quando nascem não têm o pulmão totalmente formado, elas têm apenas 20% dos alvéolos que terão na vida adulta. Então, quando a criança tem uma bronquiolite, esse desenvolvimento do pulmão é prejudicado e o pulmão não fica grande como deveria ser na vida adulta. E esse pulmão pequeno reduz a expectativa de vida.
Então, é importante a prevenção da mãe com a vacina para gestante. Porque a bronquiolite na criança pode determinar toda uma vida, já que a pessoa pode ter tendência a doenças respiratórias e a viver menos por conta dessa infecção que teve quando bebê.
Se houver um comprometimento pulmonar, sim. Se a pessoa teve uma infecção prolongada e isso afetou a capacidade respiratória dela, é importante sim fazer a reabilitação respiratória para se recuperar. No caso de pessoas que se recuperaram rapidamente, fazer caminhadas e atividades aeróbicas vai ser suficiente. Mas pessoas idosas que tiveram um comprometimento mais sério, que ficaram acamadas por mais tempo, ou foram hospitalizadas, precisam sim fazer fisioterapia respiratória.
O SUS fornece algumas vacinas, como a da gripe e da covid. Para pessoas com doenças autoimunes, existe a possibilidade de obter a vacina de prevenção contra a pneumonia via Centros de Referência para Imunobiológicos Especiais (CRIEs). As outras vacinas, como a da coqueluche, a da pneumonia, do VSR e do herpes zóster, estão disponíveis na rede privada.
A vacina do VSR é dose única. Ela foi lançada há pouco tempo e o que se sabe é que pelo menos nos 3 primeiros anos após a vacina não é preciso tomar uma segunda dose. Vamos saber nos próximos anos se será necessária uma atualização da vacina.
As vacinas para VSR, covid, influenza, pneumocócica, coqueluche, herpes zoster não possuem vírus dentro. Então, são vacinas que podem ser tomadas com segurança por quem é imunossuprimido. Vacinas que tem risco para quem tem imunossupressão são vacinas que tem vírus vivo, como as de febre amarela e dengue.
Existem dois tipos de vírus sincicial conhecidos, o tipo A e o tipo B. É possível sim que a pessoa se reinfecte ao longo da vida. Infelizmente contra esses vírus, assim como o da gripe e da covid, não tem imunidade permanente e também não tem imunidade de rebanho. As vacinas trazem boa proteção contra os tipos A e B do vírus sincicial.
Qualquer coisa que a gente inspirar para dentro dos pulmões que não seja ar puro vai ser prejudicial. Inclusive a poluição do ar. Jogar um ar contaminado para dentro dos pulmões, seja de narguilé, cigarro, vape ou fumaça de fogão à lenha, vai levar a uma inflamação nos brônquios e favorecer o aparecimento de infecções. Para quem tem enfisema pulmonar, o risco de ser hospitalizado pelo VSR é 10 vezes maior do que a pessoa que não fumou nada na vida.
É prudente que a pessoa que está com um vírus respiratório fique em casa no período mais crítico do vírus – 7 a 10 primeiros dias – para não passar para outras pessoas. Mas como é difícil uma pessoa não ir trabalhar por estar com gripe, o prudente é que ela use máscara e lave sempre as mãos para evitar passar para mais pessoas.
Clique na imagem abaixo e saiba tudo sobre o Vírus Sincicial Respiratório: