Saiba mais sobre a Insuficiência Cardíaca

Insuficiência Cardíaca é popularmente conhecida como doença do coração fraco e acomete principalmente pessoas com mais de 60 anos. Estima-se…

Insuficiência Cardíaca é popularmente conhecida como doença do coração fraco e acomete principalmente pessoas com mais de 60 anos. Estima-se que entre 2% e 3% da população tenha insuficiência cardíaca, mas esse índice sobe para 10% no caso da população acima de 75 anos.

Para saber mais sobre a doença, confira a live que a Abraf realizou com o cardiologista dr. Múcio Tavares, diretor do Hospital Dia e Centro de Infusão do InCor, professor colaborador da Faculdade de Medicina da USP e presidente do Departamento de IC da Sociedade Brasileira de Cardiologia. Dr. Múcio também é membro do Comitê Científico da Abraf.

Abaixo, trazemos a você um resumo de tudo que foi falado pelo dr. Múcio na live. Mas convidamos você a assistir ao vídeo completo no canal da Abraf no Youtube.

 

O que é Insuficiência Cardíaca (IC)?

Nos casos de Insuficiência Cardíaca o coração não consegue bombear para o organismo a quantidade necessária de sangue. Isso acontece porque o coração, que é um músculo, fica doente. Por algum dano, ele acaba ou se dilatando e ficando com as paredes finas e esticadas, perdendo a capacidade de contração e expulsão adequada do sangue, ou as cavidades ficam rígidas e espessas, fazendo com que o coração não consiga se encher adequadamente.

 

Como a IC se manifesta?

Existem diferentes tipos de manifestação da IC, mas elas possuem sintomas parecidos: os pacientes têm falta de ar e acúmulo de líquido no corpo. Como o coração não consegue bombear adequadamente, os líquidos acabam se acumulando no pulmão, barriga e pernas.

 

Quais são as causas de IC? Que tipo de dano no coração pode levar uma pessoa a ter insuficiência?

A Insuficiência Cardíaca pode ser provocada por uma doença coronariana (obstrução das veias coronárias), que pode ser crônica ou causada por um infarto agudo do miocárdio; diabetes mellitus (disfunção cardíaca do diabetes); pressão arterial (a hipertensão mal controlada leva à disfunção cardíaca); doença das válvulas (incluindo febre reumática); e Doença de Chagas.

Segundo o cardiologista Múcio Tavares, 30% das ocorrências de IC são causadas por doenças coronárias, 15% por hipertensão arterial, 10% por Doença de Chagas, e as outras causas somam os 45% restantes dos casos.

 

Quais são os fatores de risco para IC?

Alguns fatores aumentam o risco de Insuficiência Cardíaca. São eles: doenças de colesterol, tabagismo, histórico familiar de doença cardiovascular, idade superior a 60 anos, obesidade e sedentarismo.

Mas aqui é importante esclarecer o que é considerado histórico familiar no caso de IC. Uma pessoa se enquadra nesse fator de risco caso tenha um familiar que manifestou a doença antes dos 65 anos de idade, no caso de mulheres, ou dos 55 no caso de homens. A obesidade e sedentarismo são apontados como fatores de risco pois podem levar ao diabetes e à hipertensão arterial, que por sua vez podem causar disfunção cardíaca.

 

Qual a situação no Brasil?

O médico apresentou dados de um estudo científico realizado em 2014 que indicou 22,9% da população brasileira com obesidade, 40,2% com sobrepeso, 35,8% com hipertensão arterial, 61,5% com algum tipo de disfunção de colesterol e 20% de diabéticos.

Segundo o dr. Múcio Tavares, isso aponta para uma expectativa de aumento da incidência de doenças cardíacas no Brasil. Ele ainda chama a atenção para o fato de que a ocorrência vem aumentando mais em mulheres do que em homens.

 

Qual o risco de morte associado à IC?

A Insuficiência Cardíaca é uma doença que diminui a expectativa de vida e tem alta taxa de morbidade e de mortalidade. Um estudo realizado em 2017 mostra que 50% das pessoas diagnosticadas com disfunção cardíaca têm expectativa de morrer em 5 anos. Quando a doença chega a fase avançada, a expectativa de morte é de 50% em um ano.

 

Qual a relação da idade com a incidência de IC?

A IC não acomete todas as idades na mesma proporção. As ocorrências aumentam de acordo com a idade. Ao analisar pacientes de todas as idades, a Insuficiência Cardíaca é a oitava causa de internação no país. Mas ao contabilizar pacientes acima dos 65 anos, a IC para a ser a quinta causa de internação.

Portanto, se olharmos a transição demográfica do país, a tendência é de aumento da população idosa. A expectativa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) é que em 2050 o Brasil tenha quase a mesma proporção de idosos do que jovens.

Com isso, estima-se que em 2025 o número de pessoas com IC vá dobrar no país. Afinal, com a melhora dos tratamentos médicos, mais pessoas sobrevivem a doenças cardiovasculares e chegam à terceira idade, evoluindo para quadros de disfunção cardíaca.

 

Como é o tratamento para IC?

O objetivo dos tratamentos para Insuficiência Cardíaca é reduzir o índice de mortes e hospitalizações e melhorar a qualidade de vida dos pacientes.

O tratamento é feito com uma base de quatro pilares medicamentosos que, usados de forma combinada, bloqueiam a evolução da doença e melhoram a expectativa de vida do paciente ao promover estabilidade clínica. Esses medicamentos são betabloqueadores; inibidores da enzima de conversão de aldosterona (IECA) ou bloqueadores de receptor de angiotensina (BRA) ou inibidores de neprilisina e de receptor de angiotensina (INRA); iSGLT2 e ARM.

Além dos remédios, podem ser utilizados também dispositivos de ressincronização cardíaca, como marcapassos ou bombas cardíacas, e, em último caso, o paciente pode necessitar de um transplante de coração.

 

Quais os resultados dos tratamentos?

Estudos indicam que o tratamento completo pode resultar em um ganho de 6,5 anos de vida no caso de pacientes com 55 anos ou mais. Já em pacientes com mais de 65 anos, o tratamento completo pode resultar em um ganho de 4,5 anos de vida.

 

Crianças podem ter IC?

Sim. A Insuficiência Cardíaca em crianças pode ocorrer por dois motivos: doença congênita que provoca falha na formação do coração ou uma inflamação viral do miocárdio.

 

Quem tem hipertensão pulmonar secundária pode ter IC?

Sim. Esses casos são denominados de IC Direita ou IC CorePulmonare. Isso ocorre porque o aumento de pressão na artéria pulmonar faz com que o ventrículo direito, que bombeia sangue para a artéria pulmonar, sofra uma sobrecarga crônica. Isso pode levar à retenção de líquido e inchaço. Nesses casos, o melhor procedimento indicado é tratar a causa da HP.

 

Pacientes de doenças crônicas cardiopulmonares devem tomar a vacina pneumocócica 23-valente? A vacina contra covid-19 pode causar alguma inflamação no coração?

A vacina pneumocócica 23-valente protege contra doenças graves causadas pela bactéria pneumococo, como pneumonias, meningites e outras. Sim, os pacientes devem tomar a vacina pneumocócica. O esquema vacinal clássico é tomar a pneumocócica 13-valente e, depois de algum tempo, a pneumocócica 23-valente. A melhora sanitária e as vacinas mudaram a sobrevida da humanidade. As vacinas reduziram as mortes provocadas por diversas doenças, como difteria, tétano, poliomielite, coqueluche e sarampo. O cardiologista Múcio Tavares explica que a vacina contra a gripe pode não evitar o contágio, mas evita a progressão para uma forma grave de infecção pulmonar. “Especialmente os pneumopatas têm indicação sim de tomar vacina, tanto da gripe quanto a pneumocócica”, reforça.

Em relação à covid-19, o médico salienta que todos precisam tomar a vacina, que é segura. As complicações cardíacas das vacinas estão em investigação e, dentro de bilhões de vacinas aplicadas, há menos de uma dezena de relatos de casos de possíveis miocardites relacionadas à vacina. “Quaisquer vacinas disponíveis são seguras. Se vacinem! A vacina mudou a história da humanidade!”

 

Conheça também o projeto Barba, Cabelo e Coração, em que a equipe da Abraf percorre barbearias e salões de beleza para ajudar no diagnóstico precoce da Insuficiência Cardíaca e no cuidado adequado dos pacientes.