Quando a asma grave surge no trabalho

Em 2019, Dalbert Lana Macedo começou a sentir sintomas respiratórios. A tosse seca, a falta de ar e um chiado,…

Em 2019, Dalbert Lana Macedo começou a sentir sintomas respiratórios. A tosse seca, a falta de ar e um chiado, que incomodava principalmente à noite, o fizeram pensar que se tratava de sinusite. Na época, foi buscar atendimento em prontos-socorros. Só depois de muitas crises e muitos exames que, em junho de 2023, um pneumologista fechou o diagnóstico como sendo asma grave de causa ocupacional, ou seja, provocada por condições apresentadas no ambiente de trabalho.

“Eu não pensava que poderia ser algo além de sinusite. Até perguntei para a minha mãe se eu tive asma ou bronquite quando era criança, mas confirmei que não. Meus sintomas só surgiram no trabalho”, conta. Dalbert é formado em administração e trabalha em uma agência bancária em Macaé, no Rio de Janeiro. Em setembro de 2019 registrou seu primeiro acidente de trabalho relacionado a crises respiratórias. Segundo ele, o prédio tinha pontos de mofo e algumas pragas, que exigiam dedetização com frequência. “Antes a dedetização era feita algumas vezes no ano, mas depois chegou a ser semanal. Eu mesmo recebia o pessoal e abria as áreas da agência para que eles trabalhassem. Isso debilitou meu organismo”, relembra.

Dalbert relata que, com o passar do tempo, sua sensibilidade aos produtos químicos aumentou e ele passou a ter reações graves quando era feita a limpeza de aparelhos de ar-condicionado ou até mesmo quando uma pessoa se aproximava usando perfume. Após mais duas crises que o levaram ao hospital, o próprio médico do trabalho o afastou pelo INSS. No momento, Dalbert segue tentando autorização da empresa para trabalhar de forma remota.

 

Tratamento

Dalbert só começou a fazer o tratamento com o uso de imunobiológicos em janeiro de 2024, pois precisou entrar com uma liminar na justiça para obter o medicamento. Ele conta que o organismo tem reagido bem ao tratamento.

Aos 42 anos, Dalbert faz o acompanhamento com o auxílio de uma junta médica, formada por médico pneumologista, alergista, psicólogo, psiquiatra e fisioterapeuta. Além dos medicamentos, usa o CPAP – aparelho de pressão positiva contínua nas vias aéreas – para dormir, e pratica atividade física duas vezes por semana em um ambiente controlado seguindo a orientação da fisioterapeuta.

“Também uso máscara para evitar exacerbação. Já estou aprendendo a conviver com a doença, mas o psicológico me joga para um lugar de defesa. Faço acompanhamento psicológico para ansiedade desde 2018, mas depois do sofrimento provocado pela doença, meu quadro evoluiu para estresse pós-traumático”.

 

Novas batalhas

Para ter acesso ao tratamento, Dalbert faz uso do plano de saúde ou atendimento particular. Atualmente, ele busca enquadrar seu caso como sendo PCD para obtenção de direitos, tanto no trabalho, quanto em outras áreas que possibilitem atendimento agilizado. Depois do diagnóstico, começou uma pós-graduação na área de engenharia de segurança do trabalho. “Minha intenção é trabalhar para ajudar os profissionais que lidam com situações parecidas com as que passei na empresa. Conhecimento é um mecanismo de defesa e eu espero contribuir com outras pessoas”, conclui.