O novo Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) para Hipertensão Arterial Pulmonar (HAP) foi publicado. Com isso, a espera de…
O novo Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) para Hipertensão Arterial Pulmonar (HAP) foi publicado. Com isso, a espera de quase 10 anos pela atualização do tratamento chega ao fim. A principal inovação é a possibilidade de uso de terapia combinada com mais de uma medicação, que pode ser uma combinação de terapia dupla ou até mesmo a tripla.
O pneumologista Caio Fernandes, do grupo de circulação pulmonar do InCor, participou de reuniões com a Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (Conitec ) durante a elaboração do novo PCDT. Para ele, o momento é de otimismo: “O novo protocolo recém aprovado pela Conitec é bastante completo e é uma grande melhoria com relação ao que nós dispomos hoje, criado em 2014”.
O médico, que atende pacientes com Hipertensão Pulmonar há 20 anos, relembra os avanços conquistados ao longo do tempo. No início, o tratamento consistia no uso de apenas uma droga de uma família medicamentosa. “Eu percebo o que a combinação de três drogas pode fazer para o paciente. Não é perfeito, mas claramente é um grande avanço. À medida que a ciência avança, nós estamos chegando perto de um controle absoluto da doença e eventualmente da sua cura”, comemora.
Quem também participou de reuniões com a Conitec para elaboração do novo PCDT foi a cardiologista Gisela Meyer, que coordena o grupo de hipertensão pulmonar do Complexo Hospitalar Santa Casa de Porto Alegre. A médica demonstra otimismo com as atualizações trazidas pelo documento. “Está bem definido o papel dos exames, como fazê-los e com que frequência e também a organização dos Centros de Referência. Então, nesse sentido, o PCDT novo é um avanço para os nossos doentes e a garantia de acesso ao tratamento”.
A médica ressalta ainda a perspectiva positiva trazida pelo surgimento de novas medicações destinadas aos pacientes de HP que devem chegar em breve ao mercado brasileiro. “Nos últimos tempos, algumas drogas novas que tiveram impacto muito significativo no tratamento da HP estão surgindo no mercado. Então a perspectiva é muito boa de melhoria, tanto na qualidade de vida, quanto na sobrevida dos pacientes e também na comodidade de posologia”, explica.
Para os médicos, apesar do momento ser de celebração, é preciso seguir trabalhando para trazer constantes melhorias no tratamento e para que as futuras atualizações no PCDT sejam mais frequentes. “É de suma importância que a atualização do protocolo seja realizada de forma periódica e num intervalo de tempo menor. Isso para que a gente não fique tão defasado em relação às novas terapias e formas diagnósticas e que nosso paciente possa precocemente ter acesso aos tratamentos que efetivamente mudam o desfecho da HP”, reforça a cardiologista.
Ainda de acordo com dra. Gisela Meyer, há três pontos que podem ser aprimorados no futuro: a ampliação no número e na distribuição de centros de referência nas diversas regiões do país, para facilitar o diagnóstico e o atendimento de pacientes através do SUS; a possibilidade de tratamento de Hipertensão Pulmonar Tromboembólica Crônica (HPTEC) com riociguat, o único medicamento hoje aprovado pela Anvisa e disponível no Brasil; e a possibilidade de realização de testes de BNP e de NT-próBNP regularmente nos pacientes com HP através do SUS.
Para o dr. Caio Fernandes, a possibilidade de adoção da substituição de medicações dentro da mesma via (chamada Switch) seria uma inovação interessante a ser adotada em uma futura atualização do PCDT. “Hoje em nível internacional a única possibilidade de Switch que existe é sildenafila por riociguate, e isso nosso protocolo atual não permite”, esclarece.
Se você ou algum familiar foi diagnosticado recentemente com HP, temos muitos materiais aqui que podem te ajudar nesse processo.