miR-let7a pode ser o biomarcador para identificar deficiência do fluxo sanguíneo, previsão do risco. por Andrea Lobo | 22 de março de…
miR-let7a pode ser o biomarcador para identificar deficiência do fluxo sanguíneo, previsão do risco.
por Andrea Lobo | 22 de março de 2024
Os níveis sanguíneos de micro RNA – pequenas moléculas RNA que regulam a produção de proteínas – são menores em pessoas com Embolia Pulmonar (EP) quando comparado com pessoas saudáveis. EP é a causa da Hipertensão Pulmonar Tromboembólica Crônica (HPTEC).
No entanto, níveis mais elevados de miR-let7a foram encontrados em pessoas com EP grave que foram diagnosticadas com HPTEC durante o acompanhamento, de acordo com um estudo recente.
“Portanto, o miR-let7a pode servir como um novo biomarcador para identificar pacientes com deficiência hemodinâmica [do fluxo sanguíneo] e como um novo indicador para pacientes em risco de HPTEC”, escreveram os pesquisadores em “Circulating miR-let7a levels predict future diagnosis of chronic thromboembolic pulmonary hypertension,” que foi publicado na revista científica Scientific Reports.
A HPTEC é uma forma rara de hipertensão pulmonar, uma condição associada à pressão alta nos vasos sanguíneos dos pulmões, que se desenvolve a partir da Embolia Pulmonar, um bloqueio em uma artéria pulmonar. Tais bloqueios são causados por coágulos sanguíneos que viajam de veias profundas nas pernas ou outras partes do corpo.
Os níveis de microRNAs (mirNAs) variam dependendo da condição da doença e do tipo específico de célula. Nos últimos anos, as miRNAs surgiraram como novos biomarcadores para o diagnótisco e prognóstico. No entanto, “pouco se sabe sobre os perfis de miRNA em pacientes com grave PR e HPTEC,” escreveram pesquisadores na Alemanha que investigaram padrões de níveis de miRNA durante a EP grave e testaram seu valor na previsão do risco de desenvolver HPTEC. Eles usaram 20 amostras sanguíneas de pessoas com EP grave e 20 amostras de pessoas saudáveis de mesmo sexo e idade. Então, os pesquisadores analisaram um painel comercialmente disponível de 754 miRNAs humanos.
Avaliando os níveis de miRNAs
Os níveis de 53 miRNAs foram significativamente diferentes em pessoas com EP em comparação com amostras de participantes saudáveis. Três miRNAs – miR-29a, miR-720 e miR-let7a – foram selecionados entre os 10 principais miRNAs desregulados para validação. Nos pacientes com EP, os níveis de miR-29a e miR-720 estavam mais elevados, enquanto o nível de miR-let7a estava baixo.
Em um grupo independente de pacientes, dos quais 117 tiveram um evento de coagulação sanguínea recorrente (53) ou morreram (64), os níveis de miRNA-29a estavam maiores quando o número de novos casos de eventos recorrentes ou morte também foi maior. A associação inversa — níveis mais baixos e mais eventos — foi observada com miR-let7a.
Além disso, os níveis sanguíneos de miR-let7a se correlacionaram significativamente com os parâmetros de fluxo sanguíneo associados à disfunções no lado direito do coração. Na Hipertensão Pulmonar, o aumento da pressão arterial nos pulmões significa que o lado direito do coração tem que trabalhar mais para bombear o sangue, o que pode levar à insuficiência cardíaca.
Os resultados ressaltaram o interesse clínico no miR-let7a, disseram os pesquisadores.
Um total de 3,4% dos participantes com EP grave foram diagnosticados com HPTEC no acompanhamento. Entre eles, o miR-let7a estava significativamente maior no momento do diagnóstico de EP em comparação com pacientes com EP que não desenvolveram HPTEC.
Para ver se os níveis de miR-let7a em circulação podem dizer a probabilidade de ocorrência de HPTEC em pessoas com EP, os pesquisadores calcularam uma medida chamada área sob a curva (AUC). Este é um teste de até que ponto uma medida pode diferenciar entre os dois grupos. Os valores podem variar de 0,5 a 1, com valores mais altos indicando uma melhor capacidade de distinguir os dois grupos.
Os resultados mostraram que os níveis de miR-let7a poderiam prever os pacientes que seriam diagnosticados com HPTEC com um valor de AUC de 0,767. Além disso, um valor de corte de miR-let7a igual ou superior a 11,92 foi associado a um risco aumentado de 12,8 vezes de HPTEC. Nessa associação, a sensibilidade foi de 78% e a especificidade foi de 31%. Sensibilidade é a capacidade de um teste de identificar corretamente pessoas com uma determinada condição. A especificidade é a capacidade de identificar aqueles sem a condição.
O ajuste para idade e sexo não afetou significativamente a ligação entre o miR-let7a e o risco de HPTEC.
“Mais pesquisas são necessárias para determinar se o miR-let7a pode ajudar na tomada de decisão clínica e na avaliação prognóstica de pacientes individuais”, escreveram os cientistas, que disseram que mais pesquisas são necessárias para “avaliar se esses miRNAs são especificamente regulados na fase grave da EP ou também na progressão da doença crônica”.
Matéria traduzida por Bruno Carvalho, voluntário da Abraf.
Link da matéria: https://pulmonaryhypertensionnews.com/news/study-steph-diagnosis-predicted-with-micro-rna-levels/