No início de abril, governos estaduais publicaram medidas flexibilizando o uso de máscaras de proteção contra a Covid-19. Em alguns…
No início de abril, governos estaduais publicaram medidas flexibilizando o uso de máscaras de proteção contra a Covid-19. Em alguns estados o uso de máscara deixou de ser obrigatório em locais abertos e, em outros, a medida passou a valer inclusive para ambientes fechados. Mais recentemente, o governo federal, por meio do Ministério da Saúde, anunciou que vai revogar a portaria que declarou emergência de saúde pública de importância nacional por causa da Covid. A justificativa para a decisão foi a melhora da situação epidemiológica, o aumento da cobertura vacinal e a capacidade de atendimento do SUS.
No entanto, a Organização Mundial de Saúde (OMS) ainda considera a Covid uma emergência de saúde pública internacional. E aqui no Brasil, o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) cobrou do Ministério da Saúde um período maior para readequar as normas condicionadas ao período vigente da emergência.
Diante desse cenário, nós conversamos com as médicas Flávia Jacqueline Almeida, que é infectopediatra da Santa Casa de São Paulo e do Hospital Infantil Sabará e professora assistente de pediatria da faculdade de ciências médicas da Santa Casa de São Paulo, e Flávia Navarro, cardiopediatra da Irmandade Santa Casa de Misericórdia de São Paulo e do Hospital Sabará e coordenadora do Ambulatório de Hipertensão Pulmonar da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo – além de ser integrante do Comitê Científico da ABRAF -, para esclarecer dúvidas sobre o uso de máscaras na proteção contra o coronavírus.
Segundo elas, apesar da grande diminuição dos casos de Covid-19, ainda há circulação do vírus. Dessa forma, sem o uso de máscaras e com a flexibilização de outras medidas é possível que ocorra um novo aumento de casos, como já ocorreu em alguns países. Sobre a flexibilização no uso de máscaras, as médicas avaliam ser difícil determinar o momento ideal para a retirada, uma vez que muito provavelmente o vírus não desaparecerá, e sim ficará endêmico. Mas, apesar da diminuição importante do número de casos em nosso país, é prudente ainda manter cautela em locais de maior risco. Elas esclarecem que em ambientes abertos, a chance de contaminação é bem menor. Já ambientes fechados, principalmente locais de maior aglomeração, o risco de contaminação é alto.
No caso das pessoas que se enquadram em algum grupo de risco, a recomendação é manter o uso de máscaras, manter a rotina com uso de álcool gel e lavagem de mãos. Segundo as médicas, a máscara, em conjunto com a higiene das mãos, é uma medida muito eficaz e que segue sendo recomendada em locais de aglomeração.
Para quem ainda tem dúvida de qual máscara utilizar, elas afirmam que a mais eficaz é a N95, mas reconhecem que o alto custo e o desconforto podem dificultar o uso. Dessa forma, orientam que as máscaras cirúrgicas comuns são muito eficazes e as mais recomendadas.
Para além dos cuidados relacionados à higiene das mãos e uso de máscaras, a vacinação é essencial para proteção contra a Covid-19. As médicas reforçam que todas as pessoas precisam estar com o esquema vacinal completo, incluindo as doses de reforço, quando houver indicação. Para pacientes com comorbidades, essa recomendação é mais importante ainda, devido ao maior risco de doença grave.
Além disso, a atualização do calendário vacinal é de fundamental importância para todos, incluindo, por exemplo, a vacina contra a influenza.
Flávia Navarro e Flávia Jaqueline Almeida ainda destacam que no caso de crianças com hipertensão pulmonar, cardiopatias congênitas com repercussão hemodinâmica e insuficiência cardíaca, o uso de Palivizumabe nos meses de sazonalidade de Vírus Sincicial Respiratório também é de fundamental importância para a proteção de casos graves de Bronquiolite. É importante lembrar que essa proteção está disponível na rede pública e através das seguradoras de saúde para os menores de 2 anos de idade.