José Fagner Farias Soares

Sou Fagner Soares, moro em Fortaleza, no Ceará, e tenho uma filha maravilhosa de 22 anos. Passei por especialistas e clínicos-gerais, mas tive muitas dificuldades para o diagnóstico. Cerca de quatro anos antes do dia fatídico do infarto, comecei a ter sintomas de dor no peito, cansaço e falta de ar, mas minha doença só foi descoberta depois do infarto. O diagnóstico de Insuficiência Cardíaca veio em 2020: doença arterial coronariana. No momento do infarto, senti uma enorme dor nos dois lados do peito, braço esquerdo formigando, mandíbula dormente e doendo e pressão arterial de 25X19.
Depois disso, passei pelo momento de raiva, medo, falta de expectativa, sentir fragilidade, me perguntar “porque eu?” e “porque tão jovem?”. Eu não tive muito tempo para ficar remoendo porque ali começava minha luta pela vida. Oito meses depois tive meu segundo infarto e sobrevivi, três meses depois, tive meu terceiro infarto. Isso tudo começou no final do ano de 2020 e se estendeu pelos anos 2021 e 2022. Me fiz a pergunta “será que sou abençoado ou azarado?” Encontrei a resposta no ar que ainda respiro.
Em 2022, pensei que ia tirar férias de hospital, mas tive três internações. Faz pouco mais de dois meses que passei 20 dias no hospital, sendo 9 na UTI. Acredito que essa é uma luta muito difícil e cheia de obstáculos que foram colocados no meu caminho para testar minha resiliência. Eu passei no teste e não quero perder a fé na vitória. Eu vou lutar contra essa doença, sei que existe uma razão pra isso e vou vencer!
Hoje faço o tratamento no Hospital do Coração de Messejana. O cuidado médico é bom, quando sou atendido. Faço o tratamento pelo SUS e, principalmente quando preciso de internação, o hospital não oferece condições. Já passei três dias internados numa cadeira de plástico e dormindo no chão.
Tenho 42 anos e atualmente recebo auxílio doença, mas na perícia mais recente o médico indicou incapacidade permanente e foi concedida a aposentadoria. Só não foi feita a conversão ainda.
Aprendi que fiz escolhas muito erradas no passado, como fumar e beber. Era um alcoólatra compulsivo e fumante compulsivo. Aprendi a dar valor a um abraço, a dizer “eu te amo” pra que a pessoa saiba disso. Aprendi a elogiar mais as pessoas e não focar no seu lado negativo. Aprendi que tudo que você faz agora tem consequências boas ou ruins no futuro.
Eu conto com o apoio da família. Gostaria de homenagear minha filha e minha mãe, que nas seis internações e incontáveis vezes que tive que ir pra uma emergência, sempre estiveram comigo.
Muitas vezes eu ficava furioso e estressado com bobagens, coisas que hoje me parecem insignificantes. Meu jeito de olhar as coisas mudaram. Meu sonho é ajudar pessoas cardíacas como eu a não passar sozinhas por esse desconhecimento da doença. Sonho em inspirar pessoas, escrever um livro mais detalhado sobre minha história, contando as coisas boas e ruins. Não quero só existir, quero fazer a diferença, ajudar pessoas que estão passando por coisas como as que passei e que eu ainda estou passando, dividir minhas experiências, explicar um pouco do que aprendi e das lições que vida me obrigou a aprender sobre doenças cardíacas, vícios de cigarro e bebida, como conseguir abandonar esses vícios.