Ana Cardoso de Faria

Meu nome é Ana Cardoso de Faria, tenho 28 anos e moro em Caçapava, no interior de São Paulo. Sou formada em Técnica em Recursos Humanos, mas quando descobri a doença estava trabalhando como Representante Comercial. Sou casada e tenho dois filhos, o Davi, de 8 anos e a Lavínia de 4.
Após a descoberta da Hipertensão pulmonar, em 2021, parei de trabalhar mas não me aposentei pois trabalhava com contrato e não tinha amparo. Atualmente, estou vendendo doces para ter uma renda.
Meu diagnóstico foi bem difícil e demorado. Em questão de dois meses eu já tinha ido em vários hospitais (Pronto-Socorro, UBS, UPA) e em todos esses lugares falavam que eu estava com crise de ansiedade e me davam remédio para controlar a para dormir, até eu chegar em um estado de pernas e barriga enormes, já não conseguia nem andar praticamente. Fui em uma consulta particular e o médico fez uma carta para o hospital me internar naquele dia, pois meu estado era gravíssimo.
No começo não entendia muito bem sobre a doença, depois fui pesquisando. Como fiquei internada por 30 dias, tive muito tempo para pensar em tudo. Tive medo de não ver meus filhos crescerem e de perder a vida que eu estava construindo. Realmente era um misto de sentimentos, tristeza, às vezes raiva, impotência, insegurança.
Aprendi a viver um dia de cada vez, a beijar, abraçar e dizer muito aos meus filhos que eu os amo e deixá-los independentes.
Sinto muito apoio do meu marido, meus filhos e meus irmãos. Porém algumas vezes sinto que as pessoas parecem que duvidam se eu falo que estou com algum desconforto e isso me incomoda muito.
Comecei o acompanhamento médico em maio no Centro de Referência, então estou me acostumando ainda. Antes disso, estava sendo acompanhada apenas por um cardiologista. Sobre o tratamento, dei entrada na farmácia de alto custo para acesso ao sildenafila e foi negado pois eu ainda não estava no centro de referência. Todo custo com remédios meu marido e eu nos viramos nos 30 para dar conta.
Meu sonho é terminar minha faculdade que tive que trancar por ter que comprar minha medicação e ter ficado sem trabalhar. Quero ver meu filho um homem adulto formado, minha filha na festa de 15 anos com um vestido lindo, viajar de avião que ainda não tive oportunidade, pular do píer no mar de Ilha Bela, envelhecer e viajar muito ao lado do meu marido.