Pessoas com asma grave têm suas capacidades respiratórias e cardiovasculares reduzidas e ainda enfrentam perda de força muscular. Além do…
Pessoas com asma grave têm suas capacidades respiratórias e cardiovasculares reduzidas e ainda enfrentam perda de força muscular. Além do tratamento medicamentoso, o acompanhamento de uma equipe multiprofissional pode auxiliar pacientes na melhoria dessas condições clínicas e, consequentemente, na qualidade de vida. A fisioterapia é uma das aliadas no tratamento não farmacológico. Mas a indicação de tratamento fisioterápico deve ser personalizada para atender as necessidades de cada paciente.
Para saber os benefícios da fisioterapia no tratamento da asma grave e entender como deve ser o atendimento, nós conversamos com a fisioterapeuta Etiene Farah Teixeira de Carvalho, doutora em Ciências da Reabilitação, membro da Associação Brasileira de Fisioterapia Respiratória e sócia-proprietária do Instituto ReabilitAIR.
O especialista em fisioterapia respiratória tem como objetivo proporcionar o diagnóstico funcional, isto é, de que forma a asma grave levou à alteração em outros sistemas do corpo. Por exemplo, no sistema musculoesquelético a perda de força muscular e alterações de equilíbrio; no sistema cardiovascular a redução da capacidade física; e no sistema respiratório a redução da capacidade respiratória. O fisioterapeuta contribui restabelecendo essas funções perdidas, educando o paciente sobre a doença e atuando no controle clínico ao promover qualidade de vida a pacientes com asma grave.
Sim, todo paciente deve iniciar um programa de tratamento de fisioterapia respiratória. O tratamento desse paciente deve ser em conjunto com uma equipe multiprofissional para estabelecer quais os melhores tratamentos farmacológicos (medicamentos adequados) e não-farmacológicos (fisioterapia). Assim, o paciente terá maior controle de sua doença, evitando crises e possíveis internações.
A partir do momento em que o paciente apresenta limitações na execução de suas atividades rotineiras, ele deve realizar uma avaliação de fisioterapia respiratória para um diagnóstico funcional (que é diferente do diagnóstico médico) e, assim, estabelecer um programa de reabilitação detalhado, específico e individualizado.
A fisioterapia na asma está envolvida em todos os momentos: na prevenção; na agudização (durante as crises); na hospitalização, seja em pronto-socorro, enfermaria ou terapia intensiva; em ambiente domiciliar e em ambiente ambulatorial. Não se trata de uma terapia contínua, o fisioterapeuta é capaz de auxiliar o paciente portador de asma em um determinado momento a recuperar suas funções. A partir de então, a entender sua condição, evitar possíveis fatores desencadeantes das crises e compreender quando ir a um serviço de emergência caso seja necessário.
A fisioterapia respiratória ou reabilitação pulmonar atualmente já possui peso importante no tratamento da asma. Ela está inserida dentro dos tratamentos não-farmacológicos. Hoje, o exercício físico faz parte dos cuidados dos pacientes com asma, já que promove respostas anti-inflamatórias do próprio organismo para o controle da doença, reduzindo a hiper-reatividade e a inflamação das vias aéreas. Para isso, o paciente deve passar em uma consulta de avaliação com o fisioterapeuta especialista para estabelecer qual a modalidade, intensidade e frequência do exercício.
Há inúmeros fatores positivos que a fisioterapia traz aos pacientes com asma grave, como controle das crises (conhecidas também como exacerbação), melhora do condicionamento físico, fortalecimento muscular e, acima de tudo, qualidade de vida, fazendo com que o paciente de asma mantenha suas atividades laborais, de lazer e de vida diária sem restrições.
Parece controverso, mas um dos melhores tratamentos da asma induzida pelo exercício é o próprio exercício físico. Entretanto, o paciente com asma deve realizar uma avaliação minuciosa, com o uso de medidas como a espirometria (conhecida como prova de função pulmonar ou exame do sopro) e o pico de fluxo expiratório. Essa investigação irá evidenciar possíveis alterações das vias aéreas antes e após o exercício. Com essa mensuração, há a possibilidade de saber qual a intensidade exata em que o paciente pode executar o exercício, fazendo com que ele evite o momento de crise. Além disso, há medidas preventivas que o paciente pode utilizar para evitar o fechamento das vias aéreas durante e após o exercício físico.
O paciente portador de asma grave pode realizar atividades físicas, desde que ele esteja com todas as medidas de controle farmacológico em dia e com a orientação de como realizar os exercícios, com a dose e intensidade exata, preferencialmente prescrito por um fisioterapeuta especialista.
Infelizmente não há fisioterapia respiratória especializada para atender esses pacientes via SUS. Não há terapias de fisioterapia que sejam autorizadas especificamente para o CID da asma.
Entretanto, grandes centros de reabilitação pulmonar, geralmente aqueles que são vinculados a grandes hospitais e universidades, podem ser encontrados com essa finalidade de tratamento. Mas poucos possuem conhecimento específico para os pacientes de asma, principalmente com asma grave.