Asmaland: um game para ensinar crianças a lidarem com asma

Que as crianças e adolescentes passam cada vez mais tempo no celular, nós já sabemos. Mas que tal aproveitar esse…

Que as crianças e adolescentes passam cada vez mais tempo no celular, nós já sabemos. Mas que tal aproveitar esse tempo e utilizar essa tecnologia para melhorar o tratamento da asma – uma doença que atinge entre 20% e 25% da população brasileira segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS)? Essa é a proposta do Asmaland, um aplicativo com jogos educativos que ajudam crianças a identificarem os sintomas da asma para melhorar o tratamento e evitar crises.

O projeto foi desenvolvido pela Abraf com o intuito de promover uma melhor qualidade de vida para pacientes pediátricos com asma, conscientizando a comunidade escolar e familiares sobre a doença. Ao usar o aplicativo, as crianças aprendem a reconhecer os sintomas da asma, como tosse, chiado, aperto no peito, falta de ar e cansaço. Elas também são orientadas a diferenciar situações de atenção ou de emergência para buscar auxílio de profissionais de saúde quando necessário. O jogo ensina, ainda, a reconhecer os gatilhos de uma crise, como poeira, mofo, animais de estimação, atividades físicas e poluição, além de indicar os diferentes tipos de inaladores e nebulizadores e como utilizar cada dispositivo.

“Informação é poder e a gente precisa empoderar os pacientes e seus familiares sobre a doença que eles têm. Esse poder não pode ficar concentrado na mão do médico e dos outros profissionais de saúde. O paciente precisa entender a sua doença para que ele possa tomar as decisões que julgar melhores para o tratamento. E as crianças podem sim participar dessas tomadas de decisão, dessa compreensão a respeito da doença delas, desde que a gente faça isso com uma linguagem adaptada e adequada. E foi isso que a gente tentou fazer com o Asmaland”, explica a pneumologista do Hospital Dia do Pulmão em Blumenau, Marina Andrade Lima, consultora científica do Asmaland e membro do Comitê Científico da Abraf.

Oficina realizada em formato híbrido na Escola Municipal Prof. Júlio Machado da Luz

 

Um dos principais desafios foi adaptar a linguagem médica e científica para a compreensão de crianças com idades entre 8 e 11 anos, e depois ainda aplicar os conceitos dentro de fases de videogame, com recursos visuais que permitissem aos alunos identificarem os gatilhos, por exemplo. Segundo a dra. Marina Lima, a expectativa do projeto é que a criança e o adolescente consigam compreender melhor a asma e, com isso, controlar melhor a doença. “Entender quais são os tratamentos e as melhores opções, entender o que elas devem evitar e o que não é problema. Melhorar o controle da asma a partir da independência da criança e do adolescente”, reforça a pneumologista.

Como parte do lançamento do aplicativo, no dia 14 de março a Abraf realizou uma oficina sobre asma para crianças do quarto ano da Escola Municipal Prof. Júlio Machado da Luz em Joinville. Já nessa primeira oficina com 35 alunos, foi possível identificar crianças asmáticas, ou com parentes asmáticos. A coordenadora de Atividades da Abraf em Santa Catarina, Rosemari Haak Tieges, esteve presente e conta que todos do colégio foram muito receptivos e participativos. “O game tem uma linguagem fácil para as crianças nessa faixa etária, além de ser bem ilustrativo. Conforme a dra. Marina conversava com as crianças sobre sintomas, bombinhas e gatilhos, as crianças começaram a identificar familiares com esses sintomas ou que faziam uso do inalador”, relata Rosemari. Segundo ela, após a oficina, as crianças serão mais compreensivas com colegas de escola que sentem falta de ar ou que não conseguem realizar atividades físicas e precisam de um inalador.

Alunos do 4º ano participam de oficina em Joinville/SC

 

A diretora da Escola Municipal Prof. Júlio Machado da Luz, Madejane dos Santos Martins, explica o interesse em realizar a oficina em razão do alto número de alunos que apresentam doenças respiratórias, cujos quadros se agravam devido à poeira que resulta da rua de chão batido onde a escola está localizada. “Ao ser utilizada a linguagem de games como uma ferramenta educacional, vimos a motivação, a curiosidade e o entusiasmo dos alunos em buscar e construir o conhecimento. A linguagem dos games é uma ferramenta lúdica que desperta no aluno o desafio da busca,   da descoberta e a alegria de aprender brincando”, comemora Madejane.

“As crianças aprendem muito rápido. A gente deve apenas formatar a maneira de explicar ao nível que elas consigam compreender. Quando a criança entende o que ela está sentindo, perde o medo da doença, sabe o momento em que deve pedir ajuda, sabe o que precisa evitar para não deflagrar uma crise de asma. É uma criança muito mais apta a ter uma evolução mais favorável da doença”, conclui a pneumologista Marina Lima. O desenvolvimento do Asmaland é resultado de um prêmio internacional que a Abraf recebeu da Fundação Chest em 2020. A proposta agora é realizar oficinas em mais quatro escolas e levar a plataforma ao alcance de 5 mil usuários. Você encontra muito mais informações sobre asma aqui mesmo no nosso portal.