Entrevista dra. Flavia sobre Cardiopatia Congênita

Cardiopatia congênita é qualquer anormalidade na estrutura ou na função do coração que surge nas primeiras oito semanas de gestação,…

Cardiopatia congênita é qualquer anormalidade na estrutura ou na função do coração que surge nas primeiras oito semanas de gestação, quando se forma o coração do bebê. No Brasil, de acordo com o Ministério da Saúde, a prevalência é de dez casos a cada mil nascidos vivos, e cerca de 29 mil crianças nascem com cardiopatia congênita por ano.

Você sabia que a cardiopatia congênita tem relação com a hipertensão pulmonar? Nesta entrevista, a dra. Flavia Navarro, médica cardiologista pediátrica e membro do Comitê Científico da ABRAF, explica quais os tipos mais comuns de cardiopatia congênita, como deve ser o tratamento e qual a relação da doença com a hipertensão pulmonar.

12 de junho é o Dia Nacional de Conscientização da Cardiopatia Congênita. A data tem o objetivo de informar e conscientizar as pessoas sobre as cardiopatias congênitas, os sinais e sintomas na infância. Para a dra. Flavia Navarro, a data é importante pois com informação e conscientização, pode haver mais diagnóstico correto e tratamento adequado na idade certa.

1. Quais os tipos mais comuns de cardiopatia congênita?
Os tipos mais comuns de cardiopatia congênita são a cardiopatia de hiperfluxo pulmonar, a comunicação interatrial, a comunicação interventricular, a persistência do canal arterial e o defeito do septo atrioventricular total. Esse último tipo, o defeito do septo atrioventricular total, é bastante característico de pacientes com a síndrome de Down.

2. Qual a relação entre cardiopatia congênita e hipertensão pulmonar?
As cardiopatias de hiperfluxo pulmonar, se não corrigidas na idade ideal, se não diagnosticadas e corrigidas, podem levar a uma remodelação das arteríolas pulmonares. E essa remodelação leva à hipertensão pulmonar.
A Síndrome de Eisenmenger é uma condição que ocorre em pessoas com cardiopatias congênitas não corrigidas, resultando em hipertensão pulmonar e desvio de fluxo sanguíneo. É uma condição em que o paciente fica cianótico, roxinho. Infelizmente nós temos muitos pacientes com essa situação no Brasil e em países em desenvolvimento. Em países desenvolvidos, essa é uma condição rara, porque normalmente eles fazem o diagnóstico, o tratamento e a cirurgia na idade ideal, ainda na infância. Mas no Brasil, é uma condição bastante comum, e uma das causas de hipertensão arterial pulmonar.

3. Quais sinais e sintomas da cardiopatia congênita nas crianças?
Os sinais e sintomas da cardiopatia de hiperfluxo, que podem levar uma mãe, um familiar, um cuidador, um pediatra desconfiar da cardiopatia congênita, são respiração rápida, taquicardia, que é o coração batendo rápido, desconforto nas mamadas, então aquele bebê que mama um pouquinho e dorme, aquele bebê que fica muito cansado para mamar. Pode ter também a sudorese, a cabeça que fica suadinha. O bebê que não ganha peso, está abaixo do percentil ideal, e tem pneumonias, infecções respiratórias de repetição, que são bastante graves nesse caso.

4. Qual a importância de termos uma data para falar sobre a cardiopatia congênita?
A importância de termos uma data para falar sobre as cardiopatias congênitas é fazer o diagnóstico e o tratamento. É pensar em cardiopatia congênita nesses bebês que estão cansados, que não ganham peso.

5. Como é o tratamento da cardiopatia congênita?
O tratamento depende do diagnóstico. Normalmente é feito nos primeiros anos de vida. Ele pode ser cirúrgico, então é importante ter serviços de cirurgia cardíaca pediátrica. Quem faz a cirurgia é um cirurgião cardíaco pediátrico especializado em cardiopatia congênitas, porque essas cardiopatias que eu falei são as simples, mas existem cardiopatias extremamente complexas e de difícil manejo. Essa é uma situação.
A segunda situação é o fechamento percutâneo, sem corte cirúrgico. Então, por exemplo, comunicação interatrial e persistência do canal arterial são patologias que têm possível tratamento percutâneo, que é através do cateterismo. Então, a criança não tem que ficar uma semana internada, por exemplo, após uma cirurgia cardíaca. No dia seguinte, ela vai embora para sua casa com o seu problema resolvido. Mas mesmo assim, é importante lembrar que esse paciente deve ser acompanhado sempre pelo cardiologista pediátrico.

Para saber mais:
A ABRAF fez uma live com a dra. Flavia Navarro sobre hipertensão pulmonar em crianças e adolescentes. O vídeo completo está disponível no canal da ABRAF no youtube.