Estão abertas duas consultas públicas sobre a incorporação de novas tecnologias para o tratamento de Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC)…
Estão abertas duas consultas públicas sobre a incorporação de novas tecnologias para o tratamento de Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) no SUS. As consultas de n° 42 e 44 ficam abertas até dia 5 de agosto no site da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec).
Para entender melhor o cenário atual da DPOC no país e dar orientações de como lidar com a doença, nós conversamos com a pneumologista Suzana Tanni, professora do Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina de Botucatu.
Os pacientes e seus familiares precisam se adaptar a reconhecer modificações dos sintomas quando a doença pode apresentar agudizações (piora da doença ou dos sintomas). Neste momento, o manejo e alívio dos sintomas deve ser realizado com medicações inalatórias e, se persistirem as sensações de desconforto para respirar, os pacientes precisam ser educados a procurar serviços médicos de emergência.
Neste aspecto, os familiares precisam também estar atentos nas agudizações, que podem estar relacionadas a infecções virais transmitidas pelos próprios familiares. Assim, é orientado não entrar em contato com pessoas que estejam com sintomas de infecções virais, mesmo sendo leves.
Outro ponto importante é entender as limitações que a doença pode provocar no dia-dia do paciente, sendo necessário adaptar as atividades de vida diária para reduzir os sintomas respiratórios. Desta forma, os familiares precisam entender como organizar a casa para o paciente possa realizar atividades de forma eficiente e com menor geração de desconforto respiratório, como tomar banho, organizar a cozinha e até se vestir.
A educação continuada, tanto dos profissionais de saúde da rede básica, como de toda a sociedade, precisa reconhecer de forma clara e consistente a definição do que é a DPOC, sua causa e quais são os tratamentos que atualmente existem, incluindo os fármacos disponíveis no SUS. Desta forma, a ampliação e capilarização de educação continuada é importante para levar a informação do acesso e recursos disponíveis em todo âmbito. Ainda existe muita lacuna dentro deste conhecimento, que precisa ser preenchido com a educação.
A DPOC deve ser reconhecida entre as doenças crônicas não transmissíveis na atenção primária, tendo seu diagnóstico facilitado pela espirometria para avaliação da saúde respiratória de forma mais acessível para a rede de atenção primária. O início do tratamento na doença leve pode impedir o aceleramento da progressão, impactando diretamente na morbidade da doença. Assim, instrumentalizar com conhecimento e tecnologia diagnóstica facilitará o cuidado integral do paciente.
Lembrando que os pacientes com fatores de risco ativo precisam ser orientados e tratados para remoção destes riscos. Dentre eles, o tabaco é o mais importante e modificador de evolução e progressão da doença.
A disponibilidade de tecnologia que possa melhorar a aderência e eficiência no controle de riscos e sintomas faz parte da possibilidade de controle da doença. É muito comum o paciente possuir outros diagnósticos associados à DPOC, o que adiciona muitas vezes a combinação de fármacos que devem ser concomitantemente utilizados.
Ainda, pacientes apresentam características da doença de forma individual e de gravidade diferente, e opções de melhor adaptação para pacientes com limitações técnicas devem também fazer parte na tomada de decisão de terapia de dispositivo inalatório facilitador para seu controle.
O acesso ao tratamento precisa ser ampliado, o subdiagnóstico ainda é prevalente entre as doenças respiratórias. O não reconhecimento dos sintomas respiratórios crônicos como parte já de uma doença, faz com que muitos dos pacientes com DPOC comecem o tratamento já com a forma mais grave da doença.
A reabilitação pulmonar nos serviços públicos ainda é limitada. Neste sentido, há crescente necessidade de que mais serviços públicos possam integrar as redes públicas de reabilitação. Utilizar trabalhos multiprofissionais é prioritário no cuidado integral dos pacientes com DPOC. Podemos organizar, através do Departamento de Fisioterapia da Sociedade Paulista de Pneumologia, serviços disponíveis que possam receber os pacientes que necessitam de assistência.
A capacidade física do exercício é marcador de gravidade de doença, ou seja, pacientes que caminham pouco apresentam maior risco de terem desfechos negativos. Desta forma, atividade física e reabilitação pulmonar são fundamentais para garantir o controle da doença. Orientações personalizadas adequadas para cada limitação sintomática são fundamentais para os pacientes sentirem conforto e, principalmente, segurança para a realização destas atividades de forma contínua.
Se você tem DPOC, é familiar ou cuidador, participe das consultas públicas para compartilhar sua experiência e ajudar na construção de políticas de saúde pública. Se tiver mais dúvidas, fale com a nossa Central do Pulmão.