Conheça avanços e desafios para o tratamento de asma grave

Em 20 de dezembro de 2023, o Ministério da Saúde atualizou o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas da Asma. Apesar…

Em 20 de dezembro de 2023, o Ministério da Saúde atualizou o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas da Asma. Apesar de inovações implementadas no tratamento medicamentoso, pacientes ainda enfrentam dificuldade de acesso a atendimento especializado. Para falar sobre esse cenário, nós conversamos com o Dr. Marcelo Nunes Cardoso, pneumologista do Ambulatório Médico de Especialidades “Doutor Roberto Affonso Placco” (AME Itapetininga), da Fundação para o Desenvolvimento Médico e Hospitalar de São Paulo. Nunes é coordenador do ambulatório de asma grave.

A asma é uma doença respiratória que compromete o processo de trocas gasosas e é consequência de um processo inflamatório. Nos casos de asma grave, aumentam a intensidade dos sintomas e a magnitude da limitação do fluxo de ar. Confira abaixo a entrevista e conheça os avanços e desafios para o tratamento de asma grave.

 

Como você avalia o cenário atual de tratamento da asma e, mais especificamente, da asma grave no país?

Apesar de vivermos um momento de melhora no acesso dos pacientes asmáticos, principalmente no que se refere ao tratamento medicamentoso – tanto inalatórios quanto imunobiológicos no caso da asma grave -, ainda engatinhamos no tratamento da asma no Brasil. Isso ocorre primeiramente pela falta do acesso à saúde em geral, principalmente a centros especializados.

Recentemente, o Ministério da Saúde atualizou o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas da Asma. O que isso representa para o tratamento de doença?

É fundamental na construção de uma política pública que tenhamos os protocolos e diretrizes atualizados. Portanto, foi um avanço importante a nova atualização principalmente para inclusão das novas terapias no que se refere a asma grave.

Mesmo diante dessa atualização, o que você avalia que ainda precisa ser aprimorado no tratamento e no acesso para pacientes?

Sem dúvidas o novo PCDT foi um ganho enorme, porém ainda temos muitos desafios a serem enfrentados. Em termos de diagnóstico, precisamos lutar pelo acesso à espirometria para diagnóstico e seguimento. Existem também algumas lacunas, como o acesso a medicações para asma infantil, inclusive para asma grave infantil.

Precisamos capacitar a atenção primária e as UPAs para atendimento do asmático. É lá que eles estão! Precisamos ainda criar centros de referências em Asma (com médicos especialistas e equipes multiprofissionais) para os casos mais complexos.

Quais as principais dificuldades enfrentadas por pacientes de asma e asma grave?

São inúmeras, mas destacaria duas do ponto de vista médico: falta de treinamento dos profissionais de saúde da atenção básica em asma e escassez de centros de referência em asma.

Como tem sido a experiência em Itapetininga no que se refere aos projetos e políticas públicas implementadas?

As ações para introdução da linha do cuidado foram centradas em duas frentes: capacitação da equipe multidisciplinar da atenção primária, para diagnóstico e tratamento da asma, com foco na asma leve e moderada; e organização de protocolo de encaminhamento e seguimento de asma grave na assistência especializada, envolvendo a aplicação e o monitoramento de imunobiológicos pela rede municipal.

Passados apenas alguns meses da primeira capacitação já se observa a redução nos encaminhamentos para o serviço de especialidade e uma melhora no atendimento na atenção primária. Pudemos observar isso pela redução na prescrição de SABA isolado e pelo aumento das prescrições de corticoides inalatórios por médicos da atenção primária.

Também promovemos capacitação das equipes de farmácia e dispensadores sobre técnicas inalatórias e adesão ao tratamento. Criamos o ambulatório de pneumologia municipal de atenção secundária e implementamos pré-consultas qualificadas, envolvendo avaliação de carteira vacinal, técnica inalatória e adesão e pós-consultas. Outro foco da iniciativa foi educação em asma. Para isso, foi criada a sala de educação permanente dentro do ambulatório. No espaço, são realizados treinamentos dos profissionais e ações educacionais com pacientes e familiares.

 

Acompanhe as publicações da Abraf e siga nossas redes sociais para não perder informações sobre avanços e desafios para o tratamento de asma grave.