Kelis Cristina Pereira da Cunha

Eu me chamo Kelis Cristina, tenho 36 anos, não trabalho e vivo em Brasília. Não tenho filhos biológicos, mas tenho 2 filhos peludos: gatinhos. Atualmente estou aposentada e sou divorciada. Fui diagnosticada com Hipertensão Pulmonar em 2012, o tipo da minha HAP é idiopática. Apesar de ter dado sinal desde a adolescência, só soube o que era realmente em março de 2012. Comecei a ficar extremamente inchada e bastante debilitada. Então, fui ao hospital e, depois de um dia inteiro de exames, foi constatado que era Hipertensão Pulmonar.

Naquele momento, meu mundo desabou. Nunca tinha ouvido falar dessa doença, da gravidade dela e das mudanças drásticas que precisaria fazer dali pra frente. Inclusive a informação de que eu não poderia engravidar. Não aceitei bem essa fase…

Aprendi o poder da resiliência e da força, que apesar de já ter ouvido isso, não acreditava. Sou totalmente apoiada e amada pela minha família e o amor maior que chega a ser palpável é da minha guerreira e amada mãe. Ela é a minha fonte de força e resiliência, por tudo que já passamos na vida, não só com a HAPI. Às vezes o cansaço bate, vem a vontade de desistir. Mas quando lembro que ela nunca desistiu de nada e nunca nos ensinou isso, me fortaleço novamente e reúno forças para vencer mais um dia. Tenho muito amor e apoio não só da família consanguínea, mas também da família que me escolheu: os amigos.

Sou acompanhada desde o início no Hospital de Base, no Distrito Federal. E Deus foi muito generoso comigo. O médico que me acompanha não é só um médico, é a personificação de um anjo. Me socorre a qualquer momento, me passou o contato pessoal para estar sempre ali pra ajudar. Não existem férias, feriados ou fim de semana que o impeça de ajudar. Lembrando que esse tratamento não é só comigo. E também toda a equipe do hospital, minha fisioterapeuta, psiquiatra, psicóloga, cardiologista… enfim, sou grata!


Já o acesso ao tratamento é uma novela. A falta de remédios é bem constante para as medicações que uso, seja na farmácia de alto custo ou nos pontos de saúde. Também tenho medicação somente por via judicial, mas o processo é demorado e muitas vezes é suspenso por vários meses, o que prejudica o tratamento e colabora para a evolução da doença para um estágio mais crítico. Muitas vezes a piora no quadro é tanta que mesmo a volta da medicação não é possível voltar para a qualidade de vida de antes.


Estou com indicação para transplante cardiopulmonar. Então meu primeiro sonho é conseguir a minha cura total. Para voltar a estudar e ter condições físicas para passar no concurso de delegada para atuar no combate a violência contra a mulher. Também tenho vontade de fazer trilhas e mochilão pelo Brasil, porque tenho um espírito aventureiro sem medo kkk. Sonho em ver meus sobrinhos e meu afilhado crescerem e também em cuidar da minha rainha quando ela puder.