A Hipertensão Arterial Pulmonar é o aumento da pressão nas artérias do pulmão. Quando isso ocorre, o ventrículo direito –…
A Hipertensão Arterial Pulmonar é o aumento da pressão nas artérias do pulmão. Quando isso ocorre, o ventrículo direito – que é quem manda sangue para o pulmão – precisa usar mais força para vencer essa resistência. Com o passar do tempo, esse lado do coração, que não é preparado para um grande aumento de pressão, falha. Essa é a Insuficiência Cardíaca direita. Seus indícios são inchaço em algumas partes do corpo, aumento do fígado, distensão das veias jugulares e falta de ar, que também é característica da Hipertensão Pulmonar.
Dr. Marcelo Bandeira, médico cardiologista da Universidade Federal do Rio de Janeiro e membro do Comitê Científico da Abraf, diz que é preciso estar atento a alguns sintomas relacionados ao comprometimento do coração em razão da Hipertensão Pulmonar: “O primeiro deles, que é o mais comum, é o cansaço diante de esforços. Por exemplo, uma pessoa que subia bem dois lances de escada e já não sobe da mesma forma, uma pessoa que inicialmente conseguia correr rapidinho para subir no ônibus e hoje fica mais cansado que o habitual, ou que carregava compras de mercado sem nenhum problema e passa a ter cansaço para isso. Ou seja, cansaço diante de esforços progressivamente menores é um sinal de alerta. Assim como a falta de ar diante de esforços progressivamente menores também é sinal de alerta. Um sinal de alerta particularmente relevante é o desmaio ou quase desmaio”.
Os cuidados necessários para a saúde do coração são os mesmos que garantem qualidade de vida à população em geral. Manter uma vida saudável, com exercícios físicos regulares, alimentos de qualidade, boa qualidade de sono, redução do estresse, não fumar e ter momentos próximos à natureza são comportamentos fundamentais para um coração saudável.
Dr. Marcelo explica ainda que os pacientes também precisam realizar mudanças nos hábitos do dia a dia, como controlar a ingestão de sal e de líquidos. “Outro ponto fundamental é ter a carteira de vacinação absolutamente em dia, tendo em vista que as infecções podem gerar intercorrências graves ameaçando até mesmo a vida do paciente. E, acima de tudo, manter o acompanhamento médico regular para observar e identificar se houve alguma progressão da doença para que o tratamento seja ajustado”, indica.
Os desafios específicos no tratamento envolvendo pacientes com Hipertensão Pulmonar dependem do tipo de HP. De acordo com o Dr. Marcelo Bandeira, o principal objetivo é tratar a doença de base que causa o aumento da pressão pulmonar. “O tratamento da HP associado ao comprometimento das cavidades cardíacas esquerdas exige que a gente trate essas doenças. Então, por exemplo, se o paciente tem doença das válvulas cardíacas, ele tem que tratar com os remédios ou eventualmente com cirurgias e procedimentos percutâneos. Se é uma doença que acomete o músculo esquerdo do coração, tem que tratar essa doença. Se é um paciente que desenvolveu IC por infarto, a gente tem que reduzir a chance de ter novos infartos. E assim por diante”, explica.
A Dra. Flávia Navarro, chefe da cardiologia pediátrica da Santa Casa de São Paulo e membro do Comitê Científico da Abraf, explica que esse tipo de Insuficiência Cardíaca também pode afetar crianças. Sinais como baixo ganho de peso, irritação, atraso de desenvolvimento e cianose (coloração azulada da pele decorrente de oxigenação insuficiente do sangue) são muito importantes para suspeita de HP infantil. O diagnóstico, no entanto, depende de exame físico, ecocardiograma e cateterismo.
“Os casos de HP pediátricos são muitas vezes transitórios. Alguns pacientes mantêm as pressões nas artérias pulmonares altas, como na vida fetal, por diversos motivos. Cardiopatias congênitas também podem evoluir com HP, se não tratadas no momento oportuno”, afirma. Segundo a médica, a cardiopatia é a anomalia congênita mais frequente e afeta 1 em cada 100 crianças. Além disso, pacientes com Broncodisplasia, muitas vezes associada a prematuridade, também podem evoluir com Hipertensão Pulmonar. Diante disso, o acompanhamento com cardiologista pediátrico é de suma importância para proteção dos corações das crianças. “Pacientes que já têm o diagnóstico de HAP devem acompanhar em um centro de referência, fazer os exames para estratificação de risco e seguir o tratamento corretamente!”, reforça.
O tratamento da HAP infantil está evoluindo, com uso de medicações nas 3 vias de tratamento. Mas um desafio é a falta de evidência para o tratamento das crianças, já que poucos estudos clínicos envolvem essa população. “Além da falta de evidências científicas e de medicamentos, temos todo o envolvimento emocional com nossos pequenos e suas famílias! Sempre que uma criança tem uma doença crônica alguém da família precisa cuidar, levar a consultas, exames, administrar medicações em horários estabelecidos, então deixa de trabalhar. Precisamos pensar na família como um todo, criar uma rede de apoio! O papel da Abraf é fundamental nesse contexto.”