Pessoas que convivem com doenças pulmonares muitas vezes dependem de equipamentos para obter o oxigênio necessário para a vida. Mas…
Pessoas que convivem com doenças pulmonares muitas vezes dependem de equipamentos para obter o oxigênio necessário para a vida. Mas manter esses equipamentos ligados durante todo o dia gera altos custos com energia elétrica. Pensando em amenizar esse problema, a Abraf idealizou o projeto “Sol-Ar, sol para respirar: energia solar fotovoltaica para eletrodependentes”.
O Sol-Ar foi contemplado em edital de seleção de projetos sociais através do Programa Luz Solidária, da Enel, em 2020. A proposta foi selecionada entre projetos de geração de renda, qualificação, direitos humanos ou meio ambiente. O objetivo foi instalar placas fotovoltaicas nas residências de pessoas que vivem com doenças pulmonares, beneficiando, assim, dez famílias nas regiões de São Paulo, Santo André e Rio Grande da Serra, que são atendidas pela Enel.
“O projeto Sol-Ar foi idealizado para dar suporte a famílias que necessitam utilizar concentrador de oxigênio em seu lar. Sabemos que a oxigenioterapia domiciliar é um tratamento fundamental para muitos pacientes e que o impacto financeiro, devido ao aumento no valor da conta de energia, acarreta dificuldades para muitas famílias”, explica Flávia Lima, presidente da Abraf.
O contexto da pandemia atrasou a execução do projeto. Entre o período da submissão da proposta à Enel e a execução do projeto, nos anos de 2021 e 2022, o valor das placas solares sofreu um aumento significativo, o que reduziu a possibilidade de instalação no número previsto de residências. Se a previsão era beneficiar 50 pessoas (10 pacientes eletrodependentes e 40 familiares), a Abraf pôde beneficiar 30 pessoas (6 pacientes eletrodependentes e cerca de 24 familiares).
Assim, painéis de energia solar fotovoltaica foram instalados nas casas de seis pacientes eletrodependentes. Um deles é Walmir Lahós Moscardi, de 65 anos, que tem Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC). Ele sempre trabalhou como autônomo, seja como motorista de caminhão seja como empresário. Em suas palavras, se não fosse o cigarro e o fôlego, teria uma “saúde de ferro”. “Se o aparelho de oxigênio ficar ligado direto, 24 horas por dia, a conta de energia seria impagável. Agora a conta baixou bastante. O equipamento ajuda muito e a energia solar mais ainda”, afirma.
Marinna Lucia Poço Gonsales Conegundes sofreu um grave AVC há cerca de três anos, ficou internada por dois meses e desde então precisa de atenção especial. São suas irmãs, Carmen e Edna, que vivem com ela e proporcionam esses cuidados. As sequelas do AVC trouxeram complicações pulmonares. Por isso, ela depende do concentrador de oxigênio para respirar. As irmãs lembram que receberam uma mensagem informando que Marinna havia sido inscrita no programa de concessão de placa solar pela Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo. “A instalação da placa solar funciona mesmo, porque o custo da minha irmã com energia era de mais de R$ 300 e baixou pela metade depois que recebemos os painéis”, conta Carmen.
Você pode saber mais sobre a história de Walmir e Marinna nesse vídeo especial que preparamos.
Também foram beneficiadas pessoas que têm hipertensão pulmonar, asma grave e DPOC. Segundo Flávia, a Abraf abriu inscrições em 2020 para pessoas interessadas em participar do projeto. Além disso, foi feita uma cooperação com a Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo (SMS-SP) para identificação de usuários de Oxigenoterapia Domiciliar Prolongada (ODP) elegíveis para beneficiarem-se de instalação gratuita de módulos fotovoltaicos (placas solares).
O projeto foi realizado em várias etapas: análise socioeconômica de despesa energética domiciliar, contratação do fornecedor com proposta de melhor custo-benefício, parceria com a SMS-SP, vistorias técnicas de residências para avaliar as condições estruturais para instalação das placas solares, seleção dos locais que atendessem a todas as condições, desenvolvimento dos projetos, documentação e homologação junto a concessionária e conexão do sistema a rede de distribuição.
O começo da execução do Sol-Ar foi ainda na gestão da Paula Menezes, ex-presidente da Abraf, que foi quem idealizou o projeto. “O Sol-Ar possibilitou à Abraf, junto à Enel, transformar a vida de seis famílias em São Paulo. Vamos continuar lutando para que projetos como o Sol-Ar sejam replicados pelo Brasil. Precisamos também defender políticas públicas que atendam às necessidades de quem precisa de energia elétrica para respirar”, diz Flávia.