Abraf entrevista: desafios para o tratamento de DPOC em 2023

Com 2022 chegando ao fim, surge o momento de analisar quais desafios devem ser encarados em 2023 no tratamento das…

Com 2022 chegando ao fim, surge o momento de analisar quais desafios devem ser encarados em 2023 no tratamento das doenças abrangidas na área de atuação da Abraf. Por isso, preparamos uma série de entrevistas com médicos especialistas para falar sobre as principais preocupações relacionadas aos cuidados das pessoas com Hipertensão Pulmonar, DPOC, Fibrose Pulmonar e Insuficiência Cardíaca.

Confira agora a entrevista com o Dr. Frederico Fernandes, médico assistente da disciplina de Pneumologia do InCor–HCFMUSP e diretor de relações institucionais da Sociedade Paulista de Pneumologia e Tisiologia (SPPT).

 

Como o senhor avalia a implementação no país do Protocolo Clínico e Diretriz Terapêutica (PCDT) para Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) recentemente publicado?

O PCDT de 2021 vem sendo implementado em todo o Brasil garantindo universalidade no acesso ao tratamento farmacológico adequado da DPOC. Cada estado executa a dispensação de acordo com a regulamentação das secretarias estaduais de saúde. A proximidade dos gestores das secretarias com as sociedades de pneumologia locais é um fator importante para a adequada implementação do PCDT.

 

No cenário nacional, quais as principais necessidades dos pacientes de DPOC e das equipes de saúde dos centros de referência quanto ao acesso a tratamento?

Com a garantia do tratamento farmacológico adequado, os principais fatores a assegurar para melhorar a atenção ao paciente com DPOC são:

– Educação em saúde melhorando a aderência;

– Treino no uso de dispositivos inalatórios;

– Acesso a programa de fisioterapia e reabilitação pulmonar;

– Acesso à espirometria para diagnóstico e inclusão no programa de alto custo do governo.

 

Quais os principais desafios para 2023 quando falamos em cuidado das pessoas que têm DPOC no SUS?

O principal desafio é o diagnóstico. DPOC ainda é uma doença subdiagnosticada. Apesar de 15% dos adultos com mais de 40 anos e 25% dos idosos terem critério para diagnóstico de DPOC, 80% não são diagnosticados.

 

O que é preciso fazer para que possamos mudar esse cenário e promover diagnóstico adequado e precoce?

É muito importante treinar as equipes de saúde para reconhecer adequadamente os sintomas de DPOC. Limitação às atividades físicas, falta de ar, tosse e expectoração muitas vezes são insidiosos e subestimados tanto pelo paciente quanto pelos profissionais que o atendem.

 

O acesso a diagnóstico, tratamento e reabilitação pulmonar no Brasil é desigual. Como podemos buscar soluções que beneficiem nossos pacientes?

O novo PCDT foi uma vitória. É um passo na direção certa, mas ainda há muito o que conquistar. É fundamental que os portadores de DPOC se organizem em associações de pacientes e, junto com as sociedades médicas e ONGs possam lutar por seus direitos.