A Insuficiência Cardíaca provoca fadiga mesmo diante de pequenos esforços. A doença e os medicamentos usados no tratamento deixam o…
A Insuficiência Cardíaca provoca fadiga mesmo diante de pequenos esforços. A doença e os medicamentos usados no tratamento deixam o paciente indisposto. Ao ficar mais tempo parado, perde-se massa muscular. Como quebrar esse círculo? Fazendo atividade física. O exercício pode atenuar essa condição e se tornar aliado no tratamento ao aumentar a capacidade funcional, melhorar a qualidade de vida, aumentar a tolerância ao esforço e reduzir a mortalidade. Por todos esses fatores, são recomendados como seguros e eficientes em pacientes com IC.
Para entender como a atividade física contribui para o tratamento da Insuficiência Cardíaca, nós conversamos com a dra. Patricia Oliveira, responsável pelo Ambulatório de Cardiologia do Esporte do InCor. “O exercício é uma pílula para o tratamento de algumas doenças. Ele pode atuar tanto como prevenção quanto tratamento”, reforça. O bate-papo completo você confere no Youtube da Abraf.
– Ajuda no controle de fatores de risco para doenças do coração (pressão, diabetes, colesterol e peso);
– Aprimora a capacidade funcional;
– Melhora a função endotelial (do vaso);
– Melhora a função autônoma do coração (controle dos reflexos);
– Ameniza o quadro de dor;
– Traz ganhos para a qualidade de vida e aspectos psicoafetivos.
As diretrizes da Organização Mundial da Saúde (OMS) recomendam que, para ter melhora da capacidade funcional, os adultos façam de 150 a 300 minutos de atividade física moderada e de 75 a 150 minutos de atividade de alta intensidade. Dra. Patricia esclarece que as atividades moderadas são as do dia a dia, como caminhar, fazer limpeza ou serviços de jardinagem, por exemplo. “Entretanto, para os pacientes que possuem Insuficiência Cardíaca, além de estar ativo é necessário praticar exercício físico, já que isso faz parte do tratamento para quebrar a autoperpetuação da fadiga”, orienta.
Mas a médica lembra que no caso de pacientes, os exercícios precisam ser programados para serem realizados com regularidade e prescritos individualmente. Os pacientes precisam ser avaliados de acordo com sua cardiopatia e o estágio da doença. Assim, é possível definir qual intensidade do exercício vai trazer o maior benefício com menor risco.
Na “bula” desse “medicamento” devem constar a indicação, os mecanismos de ação, a dosagem de segurança, os efeitos adversos e as interações medicamentosas. É a chamada reabilitação. “A reabilitação cardíaca é a soma das atividades necessárias para assegurar aos pacientes que sofreram qualquer evento cardíaco as melhores condições físicas, mentais e sociais para que possam, com seus próprios esforços, reassumir a normalidade da vida na comunidade”, esclarece. A reabilitação cardíaca é multifatorial e multidisciplinar. Além dos exercícios físicos regulares, ela inclui adoção de uma dieta saudável, redução do estresse, aderência à terapia medicamentosa e interrupção do tabagismo.
Alguns pacientes em fase mais aguda do evento cardíaco, com maior gravidade, exigem uma reabilitação supervisionada em ambiente hospitalar com estrutura capaz de garantir segurança para eventuais efeitos adversos.
Na comparação de 27 trabalhos sobre mortalidade cardiovascular, a adoção da reabilitação física mostrou uma redução de 26% no risco relativo de mortalidade e de 18% no risco de hospitalização dos pacientes, em comparação aos pacientes que fazem tratamento sem a inclusão de exercícios.
Pacientes com diferentes tipos de dispositivos, como marca-passo, cardiodesfibrilhador implantado (CDI), ou ventrículo artificial, podem fazer atividade física. Até mesmo pacientes que usam oxigenioterapia podem fazer exercício. Segundo a médica, a interação com a atividade física é benéfica. “Nós temos estudos mostrando que os pacientes que usam dispositivos apresentam melhora. E se depois do dispositivo for acrescentada a atividade física, eles melhoram ainda mais”.
O exercício também causa dependência e pode gerar overdose quando pacientes se animam muito e extrapolam os limites. Nesses casos, é importante lembrar de manter a atividade física em uma intensidade e volume que promova o maior benefício e o menor risco.
Uma dica é começar com atividades de curta duração, como caminhadas de 5 a 10 minutos dentro de casa ou no corredor do prédio. Até exercícios leves já ativam a musculatura. Outro ponto a ser levado em consideração por pacientes é que a medicação para tratamento de IC dilata os vasos e pode provocar queda de pressão, gerando tontura e indisposição. A recomendação médica é evitar a mudança brusca de posição durante os exercícios .
A dra. Patricia recomenda que diante de qualquer sintoma diferente do habitual, como dor, tontura ou turvação visual, o paciente interrompa a atividade ou reduza a intensidade. “Para quem tem IC o maior problema é a dispneia (falta de ar) então se com o esforço a pessoa começar a ficar ofegante e a fadiga passar do ligeiramente cansativo, é preciso parar”.
Converse com a equipe de saúde que te acompanha sobre exercício físico e busque orientação.