A asma é uma doença que tem várias classificações de gravidade. Nos quadros mais leves o paciente eventualmente apresenta cansaço…
A asma é uma doença que tem várias classificações de gravidade. Nos quadros mais leves o paciente eventualmente apresenta cansaço e falta de ar quando faz algum esforço ou em um momento de exposição a fatores ambientais irritativos ou alérgicos aos brônquios. Já nos casos de asma grave a pessoa tem sintomas diários, crises frequentes e uma necessidade de doses altas de medicações para controlar os sintomas e evitar crises que levem a hospitalização e internação. Aproximadamente 5% das pessoas que têm asma apresentam a forma grave da doença.
Para trazer orientações sobre o tratamento da asma grave e as particularidades da asma após os 40 anos, nós entrevistamos o dr. Mauro Gomes, médico pneumologista e professor da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo.
O importante no tratamento da asma é não negligenciar os sintomas e não parar de fazer uso da medicação de controle. É muito comum o paciente com asma entender que a doença acontece somente no momento da crise de asma. Mas a crise é um reflexo de uma inflamação, de um inchaço, de uma sensibilidade muito grande nos brônquios. Isso precisa ser tratado diariamente para que a pessoa não fique exposta a essas crises. O maior desafio é que o asmático entenda que a sua doença é crônica, que precisa de uma medicação regular de uso contínuo, mesmo fora das crises, porque essa medicação é que vai prevenir que a doença se torne mais grave, que ocorram crises e que seja necessária a hospitalização.
Outro fator importante para o controle da asma e, em especial, a asma grave é evitar a exposição a substâncias que sabidamente são irritativas aos brônquios. Cada asmático sabe muito bem quais ambientes geralmente costumam provocar coceira no nariz, tosse ou falta de ar. Locais com muita poeira, mofo, umidade, fumaça de cigarro… Algumas pessoas têm alergia aos animais, então exposição a cachorros, gatos, travesseiro de pena. Não usem travesseiro de pena porque faz um mal terrível para a respiração! Algumas pessoas com essa sensibilidade podem ter crises com variações de temperatura e também com fatores emocionais, como situações de estresse. Por isso, a importância do uso da medicação regular continuada para tirar a sensibilidade dos brônquios.
É possível uma pessoa começar a ter crises de asma depois dos 40 anos de idade. O mais comum é que a asma se desenvolva desde a infância e adolescência e se prolongue pela vida adulta. Mas eventualmente uma pessoa que tem alergia, rinite alérgica ou rinossinusite crônica de causa alérgica, e que nunca teve crise de asma, a partir de determinada idade passe a ter crises de asma. Isso é perfeitamente possível. Alguém que não tem alergia, mas constantemente é exposto a alguma situação que seja irritativa aos brônquios ou que provoque alergia nos brônquios, seja no ambiente doméstico ou no trabalho, também pode desenvolver asma com o passar do tempo.
Outras situações que levam ao chiado no peito e à falta de ar podem ser confundidas com asma após os 40 anos de idade. Pessoas com doenças cardíacas podem ter falta de ar e chiado no peito que se confundem com asma. Pessoas que possuem doença do refluxo no estômago podem também ter crises de tosse, falta de ar e chiado no peito que se confundem com asma. Então é importante que a pessoa que comece a ter sintomas de asma depois dos 40 anos de idade procure uma avaliação médica.
Tosse e chiado são os principais sintomas que acometem a pessoa com asma, mas o asmático também tem cansaço e falta de ar quando faz esforço para subir uma escada ou ladeira, por exemplo. A criança quando está brincando de correr ou andar de bicicleta, ou mesmo um adulto quando vai fazer sua prática esportiva, pode ter um cansaço mais acentuado do que as pessoas com a mesma idade. Ter cansaço não é normal. Então as pessoas que apresentam um cansaço desproporcional a sua idade devem fazer uma avaliação médica.
Um outro sintoma muito importante que acontece em asma é a tosse. Tosse seca persistente pode ser um sintoma muito presente em asma e a pessoa com esse quadro deve fazer uma avaliação médica para identificar se tem asma.
Uma das principais causas de asma é a alergia. A poeira doméstica e o ácaro, que é um carrapato minúsculo que vive no colchão, travesseiro ou carpete, podem provocar asma. O epitélio, que é a pele que descama dos animais domésticos, também pode provocar a doença. Então, pessoas alérgicas de uma maneira geral podem desenvolver crises de asma.
Existe também a asma que não tem causa alérgica, mas é uma proporção menor de pacientes. Por isso que nós temos hoje tratamentos diferenciados para as diferentes categorias e perfis de pacientes. Existem pacientes que vão se beneficiar com determinados medicamentos porque são alérgicos, e outras pessoas que não são alérgicas terão outros medicamentos para auxiliar a resolver o problema. Por isso é importante uma avaliação médica e a realização de exames para identificar se o paciente tem alguma alergia ou não. Porque o tratamento pode variar de uma forma de asma para outra.
O principal comprometimento da covid é nos pulmões, causando uma pneumonia. A pneumonia é diferente da asma, pois é uma infecção nas células do pulmão, já a asma é uma inflamação, um inchaço, uma hipersensibilidade que acontece nos brônquios, que são os canais que levam o ar para dentro dos pulmões. Portanto, não é comum a pessoa que tem covid desenvolver asma depois da infecção. O que acontece é que a covid nas suas formas mais graves pode levar a um comprometimento do pulmão. A pessoa fica com sequelas, principalmente uma doença chamada fibrose pulmonar, e passa a apresentar sintomas de falta de ar, cansaço e tosse persistente. Algumas pessoas podem confundir isso com asma, mas são doenças muito diferentes com complicações e sequelas diferentes.
A covid pode levar a graves manifestações no pulmão, mas felizmente uma pequena parcela de pacientes chega nessa gravidade, geralmente após permanecer internada em UTI por bastante tempo. Essas pessoas podem desenvolver uma doença chamada fibrose pulmonar, cujos principais sintomas são o cansaço extremo e a falta de ar, fazendo com que muitas vezes seja necessário o uso de cilindro de oxigênio.
Quando os sintomas de falta de ar e cansaço persistem após quatro semanas da cura da covid, a pessoa deve buscar uma avaliação médica para identificar se a covid causou alguma sequela no pulmão.