O Congresso Brasileiro de Insuficiência Cardíaca (DEIC 2022) foi realizado entre os dias 30 de junho e 2 de julho,…
O Congresso Brasileiro de Insuficiência Cardíaca (DEIC 2022) foi realizado entre os dias 30 de junho e 2 de julho, em Curitiba. Durante o evento, promovido pela Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), a Abraf participou da mesa-redonda que tratou do tema “Como
Trabalhar com Associações de Pacientes no Atendimento ao Paciente? Qual é o Papel das Associações na Jornada do Paciente?”
Na avaliação da presidente da Abraf, Flávia Lima, a presença de associações de pacientes em congressos médicos é uma demanda antiga. “Acreditamos que as organizações de pacientes são um elo entre a sociedade médica e os pacientes. Estávamos lá para apresentar a Abraf e para dizer que acreditamos na união de esforços para que possamos oferecer um melhor cuidado a quem tem insuficiência cardíaca”, explica.
Para ela, participar de um congresso aproxima o saber médico do saber de quem vive com a doença. “As pessoas com insuficiência cardíaca têm um saber e um conhecimento sobre a doença, e elas têm o direito de buscar mais informações para que possam decidir, junto com os profissionais de saúde, as melhores estratégias de cuidado”, reitera.
Durante a mesa-redonda, a Abraf foi representada pela gerente de projetos Stephanie Petti. Ela lembra que há muitos casos de pacientes que demoram a ser diagnosticados com Insuficiência Cardíaca e reforçou que a presença no evento permite a construção coletiva de ações futuras para beneficiar pacientes. “Pudemos expor as necessidades da comunidade de pessoas que vivem com IC e seus familiares, como melhorias no acesso ao diagnóstico correto, aos serviços de saúde, ao tratamento e à informação”, relata.
Segundo dados apresentados na conferência, somente 25% dos municípios brasileiros disponibilizam a terapia de beta-bloqueadores, indicada como padrão-ouro para o tratamento da IC. Stephanie afirma que, diante desse cenário, os participantes ampliaram a
compreensão de que as futuras ações devam caminhar no intuito de ampliar a cobertura do tratamento.
A gerente de projetos avalia ainda que o conteúdo apresentado no Congresso vai auxiliar a Abraf a desenvolver e aprimorar projetos para melhor atender a comunidade de pacientes e familiares. Stephanie conta que foram apresentados resultados preliminares de estudos
científicos sobre tratamentos e indicadores de risco para doenças cardiovasculares. “Apesar de a realidade possivelmente ser dura e termos muitos desafios pela frente, a comunidade não está sozinha e conta com o apoio de médicos e associações de pacientes comprometidos com o bem-estar e a celebração da vida do paciente e do cuidador”, conclui.
Além da Abraf, estiveram presentes na mesa-redonda outras três organizações de pacientes: a Crônicos do Dia a Dia (CDD), a Associação de Diabetes Juvenil (ADJ) e o Instituto Lado a Lado. O debate foi moderado pelo presidente do Departamento de Insuficiência Cardíaca da SBC e membro do Comitê Científico da Abraf, o cardiologista do Incor Mucio Tavares. O médico já participou de uma live da Abraf sobre IC e você pode conferir os destaques aqui.
Ao final do debate na mesa-redonda, a cardiologista da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, Valquiria Pelisser Campagnucci, ministrou a palestra “Mulheres e Insuficiência Cardíaca”, na qual apresentou as particularidades da ocorrência da doença em mulheres e orientou sobre as especificidades a serem adotadas durante os atendimentos. A médica explicou que a baixa representatividade de pacientes mulheres em pesquisas e estudos clínicos que envolvem insuficiência cardíaca contribui para a invisibilidade da incidência e despreparo de equipes médicas diante dos casos.
A gerente de projetos da Abraf comenta que a aproximação de médicos com a realidade de vida dos pacientes que lidam com IC é um desafio. E para demonstrar essa realidade foi produzido o documentário “Me Sinto Assim”, que narra a relação de três mulheres com o diagnóstico, o dia-a-dia com a IC, o tratamento e suas perspectivas para o futuro. Stephanie relata que a reação do público ao pré-lançamento do documentário foi muito positiva. “Foi muito bom ter recebido o feedback das pessoas que assistiram o curta de que é necessário acolher mais e melhor o paciente. Escuta e acolhimento fazem parte do tratamento e devem ser responsabilidade de todo profissional de saúde”, salienta Stephanie.
O evento também foi uma oportunidade para que a Abraf convidasse os médicos presentes a participar dos projetos que estão sendo realizados, como o “Barba, Cabelo e Coração” e “Estamos Aqui”.