Viajando de avião com DPOC: Conselho de um expert

A realização de testes antes de uma viagem aérea pode ajudar a minimizar os riscos de hipoxemia assegurando que um…

A realização de testes antes de uma viagem aérea pode ajudar a minimizar os riscos de hipoxemia assegurando que um alto nível de oxigênio será entregue aos indivíduos que o necessitam. Em pacientes com Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) que já fazem oxigenoterapia diariamente e pacientes com risco de hipoxemia (capacidade de difusão reduzida, baixa saturação normal de oxigênio), fazer um Teste de Simulação de Altitude Hipóxica (TSAH) é recomendado. Administra-se nos pacientes 15% de oxigênio no nível do mar para simular a baixa pressão de oxigênio que eles poderiam encontrar em um voo. Uma nova solicitação de oxigênio é determinada, geralmente entre 1 e 2 litros por minuto a mais do que o nível base. Em áreas onde o TSAH não está disponível, dessaturação na oxiometria de pulso durante 6MWT podem auxiliar a identificar pacientes que podem precisar de oxigênio adicional durante viagens aéreas, embora pareça ser menos preciso. Exercícios enquanto estão sentados e caminhadas em intervalos regulares durante o voo podem ajudar a diminuir o risco de um tromboembolismo venoso. 

 

Dr. Sims: O esforço da caminhada entre a área de segurança do aeroporto até o portão de embarque ou entre portões entre paradas podem obviamente causar dispnéia. Isso pode ser resolvido chegando cedo e deixando um tempo extra para descansar em intervalos ou usar cadeiras de rodas e transfers no terminal. 

 

Pacientes propensos a baixos níveis de oxigênio em terra podem ter níveis de oxigênio piores enquanto viajam. Aviões, quando estão em voo, não são pressurizados ao nível do mar mas o são em aproximadamente 2,400m do nível do mar. Isso significa que pacientes que não solicitaram oxigênio antes da viagem poderão fazê-lo durante o voo. Eles devem comunicar sobre seus planos de viagem para conhecerem os riscos e fazerem planos com antecedência. Alguns centros realizam o TSAH, e se os pacientes têm um nível baixo de oxigênio, recebem uma cânula de oxigênio que é ligada a uma máscara até que os níveis sejam normalizados; os resultados dão uma ideia melhor sobre o quanto se necessitará de oxigênio durante o voo. Esse teste não é realizado rotineiramente, então assume-se que a dose usual de oxigênio necessária para o esforço a ser realizado será o suficiente para se ficar em um avião. 

 

Ficar em um avião com tantas outras pessoas em um espaço relativamente pequeno significa um risco maior do que a média de pegar uma infecção, geralmente uma infecção viral. Para isso, a melhor medida preventiva é lavar as mãos, especialmente antes de comer. Alguns pacientes levam consigo uma pequena garrafa com álcool para limpar as mãos. 

 

Se você aparecer no portão de embarque sem uma carta do seu médico, você não será autorizado a embarcar no avião, por isso é muito importante planejar com antecedência e conseguir uma carta e o equipamento necessário. Concentradores de oxigênio são permitidos em aviões e devem ser escaneados como itens de bagagem de mão, mas os tanques de oxigênio não são permitidos sob nenhuma circunstância. Algumas linhas aéreas oferecem oxigênio para os pacientes, mas o custo é muito alto – tenho visto até USD 150 por trecho de viagem. A maioria das pessoas usam seus próprios concentradores portáteis se eles tem um ou alugam um para seu equipamento médico durável (EMD) que fornecem seu oxigênio em casa. Isso também precisa de planejamento antecipado, então eu oriento que os pacientes planejem ao menos um mês antes do voo. Os pacientes devem trabalhar em conseguir a carta do médico e falar com o fornecedor de EMD se eles precisarão de equipamento. 

 

Ficar sem oxigênio durante o voo pode levar a baixos níveis de oxigênio e sintomas. Algumas linhas aéreas requerem que pacientes tenham um excedente de oxigênio em caso do avião se atrasar e precise prolongar o voo até o aeroporto antes de ser autorizado a pousar. Para um concentrador portátil, isso significa ter uma bateria com vida extra – ou uma longa capacidade de bateria ou uma bateria extra. Aconselho ter aproximadamente de 25% a 30% extra – por exemplo, ao menos 4 horas de bateria para um voo de 3 horas.

 

Assessor de pneumologia: Como os médicos devem aconselhar os pacientes nesses assuntos e avaliar sua capacidade para voar? 

 

Dr. Khabbaza: Em pacientes com DPOC que tem insuficiência respiratória hipóxica crônica e pacientes com risco de hipoxemia, recomendo que façam o TSAH antes de viajar. A maioria dos pacientes com DPOC – leve a moderada – e leves desvios de capacidade de difusão com saturação de oxigênio normal não precisam ser testados. Além disso, aconselhar pacientes a viajar com o oxímetro de pulso e checar as saturações periodicamente durante o voo seria útil, já que a maioria dos pacientes sabem como ajustar sua entrega de oxigênio no caso da saturação ser menor que 88%. Pacientes devem manter seus remédios para casos de emergência fáceis de acessar em caso de desenvolverem sintomas agudos. Evitar medicamentos sedativos e álcool deve ser aconselhado, dada a sua reserva respiratória baixa, especialmente durante voos longos pois a dessaturação pode ocorrer durante o sono. 

 

Dr. Sims: Ter certeza que os pacientes sabem que eles precisam planejar antecipadamente as viagens de avião – tanto para orientar os níveis de oxigênio do equipamento e lidar com a logística necessária com a linha aérea e o fornecedor de EMD. 

 

Aconselhá-los que cada voo precisa de uma carta de seus médicos que geralmente precisa especificar que o oxigênio será necessário e especificar para qual parte do voo (por exemplo, apenas em altitude ou durante o taxiamento, decolagem ou pouso), a dose necessária de oxigênio, e a confirmação que o paciente é capaz de operar o concentrador de oxigênio por si próprio. Algumas linhas aéreas pedem que marcas específicas de concentradores sejam detalhadas, mas na minha experiência isso é menos comum.

 

Assessor de pneumologia: Qual deve ser o foco de pesquisas futuras nesse assunto?

 

Dr. Khabbaza: Testes confiáveis e precisos para pacientes em áreas onde o TSAH não está facilmente disponível pode ser benéfico. Inúmeros estudos com algoritmos que propõem usar oximetria com deambulação têm sido promissores. No geral, viagens aéreas com pacientes com DPOC são seguras e geralmente requerem um pequeno aumento no recebimento de oxigênio em pacientes com ou sem o TSAH antes da viagem. Com todas as novas formas de recebimento de oxigênio hoje disponíveis, estudos comparando e avaliando sua confiabilidade durante uma viagem aérea podem ser benéficas, embora eu não tenha certeza que um laboratório para testes de função pulmonar durante voos se encaixe na maioria dos orçamentos de pesquisa. 

 

Referências:

 

  1. Ergan B, Akgun M, Pacilli AMG, Nava S. Should I stay or should I go? COPD and air travel. Eur Respir Rev. 2018;27(148):180030. 
  2. Peterson DC, Martin-Gill C, Guyette FX, et al. Outcomes of medical emergencies on commercial airline flights. N Engl J Med. 2013;368(22):2075-2083.
  3. Edvardsen A, Akerø A, Hardie JA, et al. High prevalence of respiratory symptoms during air travel in patients with COPD. Respir Med.2011;105(1):50-56.
  4. Coker RK, Shiner RJ, Partridge MR. Is air travel safe for those with lung disease? Eur Respir J. 2007;30(6):1057-1063.
  5. https://www.pulmonologyadvisor.com/home/topics/copd/traveling-by-airplane-with-copd-expert-advice/2/